Cúpula da Globo veta Marcelo Rezende para esconder 'fraqueza'

Apresentador do Cidade Alerta, Marcelo Rezende foi lembrado pela Globo para um programa vespertino, que teria a missão de alavancar a audiência das novelas. Mas a ideia já foi abortada pela cúpula da emissora, que torceu o nariz para o estilo popular do jornalista. Consultado, o comitê de executivos da rede foi duro e vetou qualquer negociação com Rezende. O principal argumento: recontratar o profissional da Record mostraria fraqueza e indicaria aos profissionais da Globo que eles podem sair que as portas estão sempre abertas. Além disso, a volta de Rezende quebraria uma das últimas "cláusulas pétreas" da emissora, a de não contratar quem tem vínculo com outras emissoras. Nos últimos anos, a Globo se mostrou bem mais flexível, ao aceitar de volta atores que foram para a Record. Mas a rede tem uma outra "cláusula pétrea": a de não aceitar de volta aqueles que romperam contratos no passado. A Globo está mudando muito, mas não abre mão desse instrumento de poder que preserva há décadas: quem descumpre contrato para trabalhar na concorrência fecha as portas definitivamente. Não é esse o caso de Marcelo Rezende. Ele estava sem contrato quando foi para a Rede TV em 2002. Seu problema na emissora é outro: ele tem a oposição da direção de jornalismo. Embora seu grande defensor seja o diretor de programação, Amauri Soares, outros executivos da Globo não conseguem imaginar Marcelo Rezende na grade da emissora. Rezende seria popular e "descontrolado" demais para o "padrão Globo", embora tenha crescido na própria emissora como apresentador do Linha Direta, uma "aberração" da virada do século. O argumento mais forte, contudo, foi o da demonstração de "fraqueza" que significaria forçar uma quebra de contrato. Na primeira sondagem, no final do ano passado, Rezende ainda tinha um ano e meio de contrato a cumprir; no mês passado, ele renovou com a rede de Edir Macedo por mais seis anos. Para os principais executivos da Globo, recontratar Rezende quebraria a resistência, por exemplo, a Tom Cavalcante e Rodrigo Faro, que romperam contratos e têm fortes defensores dentro da emissora. Se chamasse Rezende de volta, reabriria os portões do Projac para Cavalcante, Faro e diretores de novelas que foram para a Record com contrato em andamento.

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